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“primitivamente designativo da terça-feira gorda, tempo a partir do qual a igreja católica suprime o uso da carne, conforme Antenor Nascentes surgiu com a propagação do cristianismo e por força do seu calendário litúrgico”. |
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A História do Carnaval |
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 | Foto: Tuca Cunha |  | |  | A posição da igreja católica apostólica romana em relação ao Carnaval foi, inicialmente, de uma ambigüidade mais que comprovada. O Papa Paulo II, no século XV, permitiu que, na Via Látea, bem próxima ao seu palácio, se realizasse o carnaval romano, com suas corridas de cavalos e corcundas, com seus carros alegóricos e lançamentos de ovos, com o local fisicamente iluminado por velas, introduzindo, como contribuição de sua inventiva, o baile de máscaras, que fez tanto sucesso como continua fazendo agora.O Papa Inocêncio III, constatando excessos e abusos, proibiu o uso de máscara pelos padres, e o festejo do carnaval dentro da igreja. As máscaras e os disfarces são, ainda hoje, "os elementos que mais identificam as festas carnavalescas. As primeiras evocam, por vezes, algo de caráter mágico ritual, condicionado pela natureza e gênero das máscaras, na época antiga ou na Idade Média. Como outrora na Europa, especialmente na França, notam-se entre nós grupos de mascarados. Disfarces assim, porém, nem sempre foram bem vistos. "Em um bando publicado por Francisco de Castro Moraes, sobre o programa de festas para comemorar a Victoria de 19 de Setembro de 1710, proibia terminantemente que nenhuma pessoa pudesse andar mascarada de dia e de noite. | |
Os governantes tinham horror aos encaretados e disfarçados. As Ordenações nos livros 1° e 5° comutavam graves penas contra os que se mascarassem; multas pesadas, açoite, desterro, etc. eram aplacados contra os infratores. Em 1865 o governador do Rio de Janeiro, Duarte Coelho Chaves, publicou o seguinte bando que dá bem idéia dos rigores do tempo. |
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Dizia ele: Toda a pessoa, de qualquer qualidade e condição que seja, que se encontrar mascarado, incorrerá na pena de ir servir à Sua Majestade, que Deus guarde, na nova Colônia do Sacramento, do Rio da Prata, e sendo negro ou mulato, será açoitado publicamente ... (Documento do Arquivo Público). 0 Rio de Janeiro conhecia e apreciava as. vestimentas a caráter ... Esses disfarces, porém, creio, só eram permitidos em Certas indeterminadas condições e nunca nos três dias antecedentes à Quaresma. Trazido ao Brasil pelos portugueses, o carnaval foi inicialmente conhecido como entrudo. |
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“Não era com chuva de confeitos que as pessoas se saudavam nos dias de entrudo, mas com chuveiros de laranja e ovos cheios d’água o Carnaval, em Paraty, que foi muito animado desde os tempos do entrudo, guardou, até alguns anos atrás, muitos de seus curiosos usos, como o de se atirarem nos passantes folhas de taiá cheias de água ou mesmo de barro, e as batalhas de lama, à beira dos rios, nas zonas rurais. |
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Os blocos, que se sucederam ao Zé Pereira surgido no Rio de Janeiro em 1846, encontraram grande aceitação no município. Em muitas oportunidades, porém, se deixaram envolver pelo ardor político local, dividindo-se o carnaval, e com ele os blocos, por muitos anos, entre dois clubes de política oposta. |
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A exemplo do carnaval de Veneza, na Itália, e do carnaval de Olinda, em Pernambuco, o carnaval paratiense é brincado nas ruas pelos blocos de mascarados e bonecos gigantes que representam personagens especiais da cidade, alguns cuja origem até já se perdeu no tempo. Um deles, por exemplo, é o Voronoff, que é um um boneco representando um homem com uma enorme cabeça, que segundo a crença popular, é a caricatura de um médico russo que passou pela cidade no século passado e que fazia transplante de órgãos em animais vivos, uma espécie de médico e monstro. |
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Outro personagem típico é a Miota ou Minhota que, vindo originalmente do Minho, em Portugal, é representada por uma mulher com um enorme pescoço que, segundo a lenda, servia para bisbilhotar a vida alheia por cima dos muros. |
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Interessante também é a história do Peneirinha, boneco feito por uma pessoa com uma peneira coberta por um pano na cabeça e um paletó abotoado nas costas. Este personagem, por esconder não só a cabeça mas também a forma do corpo, era o preferido dos homens casados e das autoridades que pretendiam brincar o carnaval sem serem reconhecidos. |
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Além destas figuras bonitas e engraçadas, havia também os blocos de mascarados e de fantasia, crianças e adultos, que saiam para "assustar" o povo com suas figuras de caveiras e caras deformadas feitas em papel machê e com belíssimos desenhos multicoloridos.
|  | | |  | Em Paraty, a mais histórica das cidades do estado do Rio de Janeiro, um bloco formado por seres, quase pré históricos, sai pelas ruas de pedra e abre o carnaval, garantindo quatro dias de folia e muita alegria. | | |  | O Bloco da Lama surgiu quando alguns amigos brincavam de lama no mangue da praia da Jabaquara em Paraty. Quando olharam um para o outro perceberam que estavam irreconhecíveis, saíram pelas ruas do Centro Histórico. | | No ano seguinte um grupo maior se reuniu e saiu em bloco no primeiro dia do carnaval, representando uma tribo pré-histórica. | Objetivo era espantar os maus fluídos para que o carnaval acontecesse em alto astral. Por pura diversão ou por buscar os efeitos medicinais da lama da Jabaquara rica em iodo e enxofre - ano a ano, cada vez mais o Bloco da Lama ganha um maior número de adeptos e é mais uma das tradições do carnaval de Paraty. |  |  |  | Em 1995 o Bloco chegou a ter mais de 2.000 integrantes. Por ter crescido tanto , os organizadores têm feito uma campanha junto aos participantes, através da mídia local e de folhetos informativos, sobre a importância de não sujar as paredes, carros e pessoas que estejam passando pelas ruas, honrando assim o nome do bloco e ajudando a preservar essa tradição. | |  | O traje adequado é sunga ou biquini. Da Praça da Matriz todos seguem para a Praia da Jabaquara, onde acontece o tradicional "banho de lama". É nessa hora que os mais caprichosos procuram nos adereços naturais - como barba de velho (uma parasita muito comum na região), cipós e ossos - a complementação da sua fantasia. |  |  |  | Para fazer parte do bloco é só seguir o andor de bambu que carrega uma caveira de boi, e soltar seus instintos mais primitivos. O grito de guerra dos intrépidos participantes é : UGA UGA RÁ RÁ. Durante o percurso que passa pelo Centro Histórico da cidade, o bloco faz algumas evoluções. Nestas paradas acontecem verdadeiras representações teatrais, que misturam o amadorismo do coletivo e o talento intuitivo de alguns participantes. Quando não houver um só espírito negativo rondando a cidade o bloco se despede com a última evolução em frente à Capelinha das Dores e o banho dos integrantes no Rio Perequeaçú. | |  | Os fundadores do bloco, Congá e Niltinho, aproveitaram o sucesso e influência do bloco entre os jovens para lançar alguns apelos, como chamar atenção sobre a importância dos manguezais, conscientizar os integrantes sobre o valor do respeito ao próximo e passar uma mensagem de paz, para que o carnaval seja sempre uma festa de alegria. | | | | | MÁSCARAS DE papel |  | Os tradicionais mascarados de Paraty saem às ruas logo que terminam os festejos de Natal, anunciando o próximo carnaval. |  |  |  | Geralmente, as máscaras representam figuras amedrontadoras cuja função é afugentar os maus espíritos e garantir, assim, que o carnaval transcorra na mais perfeita paz. É no período que antecede o carnaval que se intensifica a produção caseira de máscaras. | |  | Como é Feita | | Em primeiro lugar, faz se uma fôrma de barro, que depois de seca é coberta com sabão. Sobre a forma vão sendo colocadas, então, tiras de papel lambuzadas com cola de farinha de trigo, em várias camadas. |  |  |  | Quando a máscara atinge cerca de 3mm de espessura, deixa se que ela seque para ser retirada da fôrma. Em seguida, ela é pintada com guache e já está pronta para o uso. As fôrmas de barro são conservadas para outras máscaras que se deseje fazer. | | | | | |
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