Oswald de Andrade (1890-1954) será o grande homenageado da 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty. Considerado o mais inovador dentre os escritores do modernismo, Oswald foi protagonista da Semana de 22 e abriu caminhos para grandes nomes como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e os poetas concretos.
Além de ter sido um precursor da Tropicália e da “poesia marginal” dos anos 70, Oswald escreveu Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Pau Brasil (1925) e Manifesto Antropófago (1928) e introduziu a prosa experimental no país, com Memórias Sentimentais de João Miramar (1924). No ensaio ‘Estouro e Libertação’, de Brigada Ligeira (1945), o crítico Antonio Candido diz que Oswald de Andrade “é um problema literário” e completa: “Imagino, pelas que passa nos contemporâneos, as rasteiras que passará nos críticos do futuro”. “De lá para cá, a obra de Oswald só cresceu em importância, mas também aumentaram as rasteiras que têm passado nos críticos e leitores do presente – com seu teatro orgiástico (decisivo para a dramaturgia brasileira a partir dos anos 60), com o afresco revolucionário do país que ele fez em Marco Zero, com a antropologia de sua tese sobre messianismo e utopia (A crise da filosofia messiânica)”, comenta Manuel da Costa Pinto, curador da Flip.
A homenagem pretende falar também do Oswald da Semana de 22, da Antropofagia e do nativismo Pau-Brasil, mas indo além – mostrando como existe ainda um Oswald a ser explorado, pronto para nos pregar novas peças. “Ainda há muito a explorar sobre este pensador de uma miscigenação sem nostalgia da identidade (bem à frente, portanto, do atual discurso multicultural), o crítico da civilização técnica e, sobretudo, o criador de uma poética que restaura o arcaico para se libertar do passado”, acrescenta Costa Pinto, que faz mais comentários sobre a escolha do homenageado no Blog da Flip. A trajetória do escritor, poeta e ensaísta e o alcance expressivo de sua obra na formação da literatura brasileira são questões que devem garantir a pluralidade do debate nos eventos da Flip dedicados a Oswald de Andrade.
Conferência de abertura
Oswald de Andrade: devoração e mobilidade
Antonio Candido
debatedor
José Miguel Wisnik
Na mesa de abertura da Flip 2011, o maior ensaísta e crítico literário do país, Antonio Candido, discorre sobre a obra e a personalidade intelectual e artística do escritor com o qual manteve intenso diálogo literário e pessoal. A seu lado, o professor de literatura, escritor e compositor José Miguel Wisnik dá sua visão da potência utópica da Antropofagia de Oswald de Andrade.
Mesas em homenagem a Oswald de Andrade
Marco zero modernista
Mais moderno dentre os modernos da Semana de 22, precursor da poesia concreta e da Tropicália, Oswald de Andrade sintonizou as elites da Belle Époque brasileira com o espírito futurista e as contradições político-estéticas que eclodiram com a urbanização do país. Pesquisadores de nossa modernidade histórica e literária mostram as múltiplas facetas do poeta nativista que escreveu painéis romanescos e romances cubistas.
Alegorias da ilha Brasil
Fazendo de sua ilha natal um microcosmo tão grande quanto o mundo, o escritor baiano sintetiza as linhas de força do romance brasileiro: um regionalismo que transcende o momento histórico, alegorias que violam fronteiras de tempo e espaço para apreender as mais candentes questões contemporâneas. Na Flip que homenageia a antropofagia de Oswald de Andrade, Ubaldo fala de uma obra que também reinventou o Brasil.
Pensamento canibal
“Só a antropofagia nos une”, afirma o Manifesto antropófago. O que Oswald de Andrade quis dizer? Que nossa “identidade nacional” consiste em devorar influências externas? Ou que a antropofagia constitui a dinâmica moderna de canibalizações da tradição? A antropofagia define o Brasil ou uma sensibilidade mais geral? São essas algumas questões abordadas por dois estudiosos da obra do autor homenageado da Flip.
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