O Brasil é Dilma. A ex-ministra da Casa Civil é a sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 1º de janeiro. A candidata do PT, indicada pelo próprio Lula, venceu sua primeira eleição. E para assumir a Presidência da República.
Com 94,01% (127.665.912) dos votos apurados, a petista alcançou 55,49% (52.050.240) e não tem mais como ser ultrapassada pelo seu adversário, José Serra (PSDB), que chegou apenas a 44,51% (41.751.513).
A nova presidente fará em poucos instantes o pronunciamento à Nação. Ela deve estar acompanhada do presidente Lula, seu principal cabo eleitoral. José Serra também se prepara para parabenizar publicamente a concorrente.
De aspirante à presidente - Se dependesse dos números das primeiras pesquisas eleitorais divulgadas em 2007, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República jamais teria sido levada adiante. Em outubro de 2007, a pesquisa CNT/Sensus mostrava a então ministra-chefe da Casa Civil com 5,7%. Essa mesma pesquisa, contudo, mostrava que cerca de 35% dos entrevistados poderiam votar em alguém apoiado por Lula. Com base nessa sinalização, o presidente traçou um engenhoso plano para lançá-la na arena da disputa presidencial, trabalhando intensamente para colar sua imagem à de Dilma.
E a estratégia funcionou. Coube a Dilma o lançamento de uma das maiores vitrines do governo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. No ano seguinte, Lula a batizou de "mãe do PAC". Como boa discípula, Dilma se autonomeou durante a campanha eleitoral de "mãe do Luz para Todos", programa do governo federal, criado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica às áreas rurais do País. E no decorrer da campanha, quando já liderava a corrida presidencial, assumiu de vez o instinto maternal e disse que pretendia ser, na Presidência, a "mãe de todos os brasileiros".
Trajetória - Dilma nasceu em Belo Horizonte em 14 de dezembro de 1947 e na juventude militou contra a ditadura, atuando no Colina (Comando de Libertação Nacional) em Belo Horizonte, no final dos anos 60. Ela é classificada como durona, rígida, séria, competente, inteligente, extremamente dedicada ao trabalho. Implacável com quem enrola e exigente com os subordinados. Comandou o Ministério de Minas e Energia de 2003 a 2005, até ir para a Casa Civil com a queda de José Dirceu no escândalo do mensalão. Na nova função, tornou-se uma "mulher dura cercada de homens meigos", como ela mesma definiu.
A ex-ministra já foi filiada ao PDT, mas em 2000 filiou-se ao PT partido que lhe abriu as portas para chegar ao mais alto cargo do País. Até o final deste ano, completará 63 anos. Dilma já casou e se separou duas vezes com ativistas políticos que lutavam contra a ditadura, mãe de uma filha, Paula Rousseff Araújo, e avó de um neto, Gabriel, que nasceu no dia 9 de setembro deste ano. É dona de Nego, labrador preto e companheiro de caminhadas matinais. Um de seus melhores amigos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), é quem melhor define a personalidade da nova presidente do Brasil: "Ela trabalha o tempo todo e não deixa nada sem solução. Além disso, acredita que não foi por acaso que sobreviveu à ditadura, quando chegou a ser torturada, sobreviveu para cumprir a tarefa da nossa geração e deixar um País mais justo e solidário do que aquele que nós encontramos."
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